Existe um monstro dentro de mim
Que é constantemente alimentado pelo que está fora dele.
As notícias que assolam o país: a pandemia infinita, o número de mortes que não para de crescer, a pobreza que vislumbra as tristes retóricas. As votações que escolhem representantes que não nos representam e que não estão preocupados em lidar com os primeiros problemas citados. As tentativas de greves mal sucedidas que demonstram o cansaço d@s trabalhador@s em lutar e ver seus desejos esmagados muito antes de se concretizarem. O ser coletivo fica cada vez mais distante. Uma ideia longínqua que impede a maioria de lutar unida.
As dores individuais de cada um@, somadas à sensação de impotência. O medo, das doenças e das crises. A morte rondando, como quem tem uma fome primitiva. O capitalismo é selvagem e vivemos em plena barbárie.
Estou doente. Negligenciei minha saúde o ano passado todo por medo de ficar doente. Não queria encarar ambientes hospitalares que hospedam o vírus. Somou-se ao estresse da vida prática. Aos problemas específicos de ser mulher. Aos problemas específicos de ser adulta. Aos problemas específicos de quem sofre demais com os problemas citados anteriormente. Aos problemas de ser brasileira. Aos problemas de ser latino-americana e viver sob o comando de poderosos, reacionários e ultraliberais homens de terno, que devem estar rindo disso tudo enquanto acumulam seus milhões.
Me sinto frágil, impune e impotente. Sinto que não tenho mais energia, ao mesmo tempo que acredito na minha força, mas não aguento mais testá-la. Gostaria de uma prevenção eficaz, mas, agora, o que me resta é remediar. Que seja um remédio forte com poucos efeitos colaterais. Que seja um imunizante perspicaz. Que venha em forma de cura capaz de erradicar a doença do mundo ou, pelo menos, daquel@s dispost@s a lutar.