Um canto sobre a ótica progressista

Angélica Yassue
3 min readMay 20, 2019

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Versão nova 26/04/2020

Operários — Tarsila do Amaral

Num estado de desgraça, me ponho à prova

De lutar mesmo diante da iminente derrota

Quando me perguntam se isso é resistir

Digo que não sei, porque as vezes só quero rir

Ao não conseguir repelir a vontade mundana

De possuir e comprar por causa da gana

Mas tenho cama, cana e gente pra limpar a calha

Por onde entra a graça quando a mente falha

E se esvai parecendo paixão adolescente

Emocionando pouco meu estado já decadente

O que me liberta da corrente já está quitado

Digo, parcelado. Em mais vezes que trinta aniversários

Talvez eu morra antes que o esperado

Mesmo com atestado de consultório médico privado

E se eu abrir uma startup e viajar o mundo sendo empresário

Talvez eu viva para ver um futuro melhorado

Para mim, minhas posses e minha classe

Isto é, se eu me afogasse num mar de “resiliência”

Ou me calasse diante da falta de consciência

Mas eu me indigno, sofro e sinto

E não mais acredito. Que as eleições vão nos salvar

Quero protestar e as pessoas e causas abraçar

Quero sair às ruas me movimentar e agitar

Para isso preciso me organizar e me conscientizar

De que necessito ser mais que assistência

Diante da injúria do que é viver neste sistema

Se eu já me sinto prejudicado, imagina quem é totalmente precarizado

Pela economia, pela polícia e pelo Estado

Mas se o ataque for apenas tratar o imediato

Talvez minha lente embace e eu seja medicado

Porque se minha visão estiver turva e otimista

Significa que preciso sair da curva e virar realista:

Se para os retrocessos sociais sou oposição

Se para a homofobia e misoginia eu digo não

Se para o racismo sou antagonismo e objeção

Pela vida digna das trabalhadoras e trabalhadores, eu preciso ser REVOLUÇÃO.

Versão original 20/05/2019 — Contra a reforma da previdência

Num estado de desgraça, me ponho à prova

De lutar mesmo diante da iminente derrota

Quando me perguntam se isso é resistir

Digo que não sei, porque as vezes só quero rir

Ao não conseguir repelir a vontade mundana

De possuir e comprar por causa da gana

Mas tenho cama, cana e gente pra limpar a calha

Por onde entra a graça quando a mente falha

E se esvai parecendo paixão adolescente

Emocionando pouco meu estado já decadente

O que me liberta da corrente já está quitado

Digo, parcelado. Em mais vezes que trinta aniversários

Talvez eu morra antes que o esperado

Mesmo com atestado de consultório médico privado

E se eu abrir uma startup e viajar o mundo sendo empresário

Talvez eu viva para ver um futuro melhorado

Para mim, minhas posses e minha classe

Isto é, se eu me afogasse num mar de “resiliência”

Ou me calasse diante da falta de consciência

Mas eu me indigno, sofro e sinto

E não mais acredito. Que as eleições vão nos salvar

Quero protestar e as pessoas e causas abraçar

Quero sair às ruas me movimentar e agitar

Para isso preciso me organizar e me conscientizar

De que necessito ser mais que assistência

Diante da injúria da reforma da previdência

Se eu já me sinto prejudicado, imagina quem é totalmente precarizado

Pela economia, pela polícia e pelo Estado

Mas se o ataque for apenas tratar o imediato

Talvez minha lente embace e eu seja medicado

Porque se minha visão estiver turva e otimista

Significa que preciso sair da curva e virar realista:

Se para os cortes na educação eu digo NÃO

Se para os retrocessos sociais sou oposição

Se para a homofobia e misoginia viro o cão

Se para o racismo sou antagonismo e objeção

Pela vida digna d@s trabalhad@r@s eu preciso ser REVOLUÇÃO.

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Angélica Yassue

comunicadora social, militante das liberdades emancipadoras, com muitas ideias apaixonadas para mudar o mundo e a si mesma. aqui vc encontra crônicas e emoções.